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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Por toda a minha vida

  Por toda a minha vida é muito tempo. Não penso mais em uma vida. Penso num piscar de olhos, num estalar de dedos, no hoje, no agora.
  Sonhar? Sonho. Por cinco minutos. Depois acordo. E sigo. Sigo andando, sigo correndo, sigo em silêncio, sigo seguindo. Sigo em frente. Mesmo que olhe pra trás algumas vezes. Lembrando de um piscar de olhos...
  Vejo o que quero ver. Escuto o que quero escutar. Sinto o que quero e o que não quero sentir. E aprendo. Isso sim é por toda uma vida. Toda uma vida para aprender. Um estalar de dedos para ensinar.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sonho?




  Todos torciam para ele acordar, todos sentiam a falta dele. Os médicos não podiam fazer mais nada, apenas esperar. Alguns diziam que dependia apenas da vontade do próprio Gabriel. Isso revoltava a família e os amigos. "É claro que ele quer acordar! Por que ia preferir ficar em coma? Sempre foi tão feliz!"


  "Sempre foi tão feliz." Sempre foi tão feliz?


  Enquanto estava em coma, Gabriel não tinha pesadelos. Apenas sonhos bons, os melhores sonhos. Ele sabia que eram apenas sonhos. Mas tudo era tão perfeito. Parecia até o paraíso. E sabe-se lá se realmente existiria um paraíso depois dessas coisas. E não que a realidade fosse um inferno, mas estava longe de ser perfeita. E todos sempre disseram que ele era um "sonhador", então agora estava no lugar certo, não é?


  Mas tinha um problema. Gabriel sentia falta de algumas pessoas. Não muitas. Pouquíssimas, na verdade. Mas essas faziam diferença. Elas também estavam presentes em seus sonhos, mas o fato dele saber que elas não eram reais o incomodava. Dessa realidade ele sentia falta. Ali elas eram perfeitas, como robôs. Mas Gabriel sentia falta das imperfeições delas. Sim, dos seus erros, dos seus defeitos. De como elas se superavam, e surpreendiam. Era espontâneo, era inesperado, era humano.


  Mas ali ele estava feliz. E não precisava se preocupar com mais ninguém, apenas com ele mesmo, ser um pouco egoísta. Mas ele realmente estava tão feliz? Não sabia. Ele realmente só se preocupava com ele agora? Não. Ainda se lembrava e se importava  com eles, caso contrário aquela dúvida entre continuar ali ou acordar não estaria rondando sua cabeça...


  Gabriel acordou. Já que teria que buscar a felicidade de qualquer jeito, era melhor estar bem acordado e com pessoas reais ao seu lado.