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domingo, 10 de maio de 2015

Ainda



E quando você fechar os olhos
Não vai me ver saltar
Achando que vou cair
Mas na verdade vou voar
E como um paraquedista ao contrário
Vou subir pelas nuvens e passar o sol
E já não verei mais meu paraquedas e nem saberei de que sou feito
Mas vou saber que sou eu
Ainda sou eu
Eu me misturo com a brisa do mar
Eu sou o ar do mar
Eu vejo as montanhas
Eu estou acima dos meteoros
Mas ainda consigo ver você
Não me pergunte como
E mesmo sem poder voltar
Tudo que eu fiz e tudo que marquei
Sempre vai ficar
E você pode não me enxergar
Mas agora eu sei até dançar
E você pode até não saber
Mas ainda vou te proteger
E eu continuo a voar
E farei você feliz
E eu vou cuidar de você
como eu sempre quis

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Racha

     Foi tomando um copo de cerveja com amigos que eu pude pensar sobre algo. Na verdade não foi só um copo de cerveja, foram vários, mas depois dos vários eu já não estava pensando muito bem. Enfim... Enquanto nós falávamos sobre nossas desgraças e conquistas, resmungos e comemorações, fui percebendo que nós estamos muito separados. Quando digo nós, não me refiro aos meus amigos e eu, e sim ao mundo todo, todas as pessoas. Estamos nos separando em nossos smartphones, nos separando nas nossas raças, nas nossas classes sociais, nos nossos empregos, em nossas religiões, em nossas visões políticas, em nossas concepções do que é bom senso e do que é senso comum. É óbvio que somos diferentes e, consequentemente, temos perspectivas distintas, mas a convivência tem se tornado mas difícil nos últimos tempos ou é impressão minha? Essas separações são fronteiras, com pessoas armadas prontas parar atirar em outros territórios. Falo isso metaforicamente, mas muitas vezes acontece literalmente, infelizmente.
   Nossas discordâncias não podem ser premissas de ódio mútuo. O que está acontecendo com a gente? Saudade do tempo em que as relações eram mais simples, que as pessoas eram mais tolerantes. Discutir? Claro que discutiremos sempre. E devemos discutir, e argumentar e mostrar nossas posições. Mas com decência, sem prepotência, com diálogos respeitáveis. Vejo pessoas que antes eram tão pacatas, agora "perdendo a linha" no facebook com outras pessoas, amizades se desfazendo. E por que? Apenas porque pessoas pensam diferentes? Quando essa conclusão passou a ser alguma novidade? Quando foi que uma opinião passou necessariamente a ser uma ofensa a quem opina diferente? Parece que estamos retrocedendo, de maneira cega, porque achamos que estamos mais "politizados", quando na verdade estamos apenas levantando a bandeira de um certo grupo que nos diz o que fazer. Você pode me dizer que não, que nós fazemos parte de tal grupo porque partilhamos de suas ideias, e não porque ele nos impõe essas ideias. E você não deixa de ter razão, normalmente esse é o ponto de partida, mas o que acontece muitas vezes é que nós deixamos de fazer parte do grupo, para nos tornarmos o próprio grupo. Você perde sua individualidade. Você se mescla a tal grupo, compra a ideia desse grupo, achando que é sua e nem percebe mais que não é. Torna-se uma pessoa fanática por um ideal, exclui qualquer pessoa de pensamente diferente, fica intolerante e chato. Muito chato. E eu não tô puxando sardinha pra nenhum lado não, isso se aplica à qualquer lado, divisão, fronteira, tudo.
   Então, vamos parar de frescura. Vamos ser felizes juntos pensando diferente.