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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

A Pipa

O rapaz andava pelas ruas da cidade
Olhando para o céu distraído por uma pipa a voar
Pobre do dono que perdeu a batalha e só pôde olhar
Sua pipa caindo pro outro lado de lá
Perto do rapaz que seguiu a acompanhar
Correndo apressado pelo bairro inteiro
E vendo a pipa cair dentro de um boeiro
Quase desistindo viu que a tampa estava solta
Abriu e desceu pelo caminho todo ligeiro
Tudo tão escuro e ele acendeu seu isqueiro
E lá viu uma tartaruga comendo brigadeiro 
Seguiu em frente fingindo que era tudo normal
E já avistava a pipa na reta final
Finalmente a pegou e saiu por outro boeiro
Tudo estranho mas até que achou maneiro
Chegou em casa e foi direto pro chuveiro
Depois tomou café com pão de queijo
Como um autêntico mineiro
Olhou pra pipa atrás do seu bar
Dizendo: fique tranquila, amanhã você vai voar.

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Objeto Sexual

- Não tenho mais nenhuma importância pra você. Sou apenas objeto sexual

- Ah também não é assim.

- A única coisa que você tem interesse em fazer comigo é sexo.

- Que merda. Mas o sexo é muito bom!

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Saindo

    Ah esse irritante vício de pensar. Eu tento parar, mas é como andar sem conseguir não olhar pra trás. E olhar pra trás sempre me atrapalha a andar pra frente. E me ensinam a respirar fundo que tudo vai ser diferente. Só faltou explicar isso pra minha mente.

    Sei que ir embora daqui não afasta meus fantasmas, que me acompanharão onde eu estiver. Mas mesmo assim sinto que não estarei aqui por muito tempo, e isso me reconforta. Quando a rotina dos seus devaneios fica cada vez mais penosa, a leve sensação de deixar tudo pra trás parece ser maravilhosa.

    Andar naquelas ruas de pedra sabão me fez bem. Preciso voltar lá. Ah dentista inconfidente... sua terra não tem igual. De etapa em etapa, de prova em prova, quem sabe não chego aí novamente? E quem sabe dessa vez permanentemente? 

    Quanto desperdício de liberdade ficar parado tanto tempo, ou pior: parar na metade do caminho. Ou ainda pior: pegar uma rua sem saída, tendo que voltar todo o caminho. Mas não adianta o GPS avisar que aquele caminho é o errado, eu vou ter que ir lá pra descobrir. Ah maldito empirismo... Mas seguimos em frente. Descobri que o que acelera a mente é a ausência de passos. Aceleração da fantasia compensando a  lentidão da realidade. Chegou a hora de inverter esse paradoxo. De sair dessa prisão de insanidade.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Roteiro

"Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar subentendido"

E quando a gente percebe que o Lulu está certo
E como algo tão distante também está tão perto
Só nós sabemos até onde chegamos
E tudo aquilo que ninguém mais vai saber
A caminhada fica mais pesada como num deserto
Mais seca e com miragens que precisamos esquecer

É como um filme 
E devemos seguir o roteiro
Todo o script já estava em minha mente
Mas acabei desejando um final diferente







quinta-feira, 24 de junho de 2021

Paraíso Verde

 

Duas esmeraldas verdes que me olham brilhantes

Com um sorriso que ilumina e me faz sorrir contigo

Tenho que ir embora mas posso ficar mais um instante

Sinto que não sinto o que deveria sentir um amigo


Sei que um dia não mais nadarei por esse verde mar

Mas já tenho muita sorte em aproveitar cada momento

Como um vício cada vez mais difícil de largar

E depois a saudade bate na minha janela como o vento


Se eu pudesse tiraria o peso de suas costas

fazendo você feliz por ao menos um segundo

Num abraço do jeito que você gosta

Ah se pudesse eu te daria o mundo


Anda, acorda, vamos passear

Temos tempo para mais um mergulho

Quero ver esse sorriso brilhar

Você sempre será o meu orgulho

sábado, 23 de abril de 2016

Tempos difíceis para os que sonham

Eva disse uma vez: tempos difíceis para os que sonham.
Tempos em que retiram meus direitos, que retiram minha liberdade de agir, de falar, de pensar. Tempos de agressões, de indecisões, dores e injustiça.
Os tempos estão difíceis. Não tenho muito tempo para parar, e quando paro, o tempo já passou.

Mas perigosa mesmo é a era que não me permite sonhar. Isso não posso aceitar. Perco sangue, perco a força, perco a paciência, perco as minhas chaves, mas não perco a mania de sonhar. Pois sonho, logo existo. Se não sonho, não amo, não vivo.
Pode ser um tempo difícil para os que sonham, mas que não seja difícil sonhar. Ou os tempos não serão difíceis, serão impossíveis.


Sigo sonhando. Sonho pelo riso da criança, sonho pelo cheiro de café, sonho pelos bons desejos, por mais sorrisos, por esperança, pela minha fé. E quando cada sonho se realiza, os tempos ficam menos difíceis. Ou é só mais um sonho meu. 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Outro caminho

A pedra no caminho. Ela novamente apareceu. E um pedregulho.
Uma pedra que me desanimou, que fez mudar totalmente meu caminho. Um caminho mais longo, mais estreito, com um sol mais forte que atrapalha minha visão e me deixa mais confuso.

A pedra é ditadora e covarde, quis não apenas atrapalhar meu caminho, quis também me calar, pois minha boca não abria quando eu tentava falar sobre como ela me prejudicara. Quis me fazer impotente, sem escolhas. E eu me senti perdido e sozinho. E tive vontade de parar de seguir em frente e voltar.

Mas como eu disse antes, eu tenho anjos comigo. Eles não me deixaram voltar, e muitas vezes até me empurravam.  E me acalmavam quando eu tinha vontade de voltar e chutar a pedra, pois sabiam que eu ia quebrar o pé. E me convenceram de que no final da jornada a pedra iria cair, pois ela é uma pedra, não uma rocha. Pois uma rocha se constrói com verdades, não com farsas. E essa pedra parece muito forte, mas na verdade é oca e frágil, e não vai durar muito tempo. Vai virar areia, e o vento vai levar.

O importante é que depois disso nós ficamos. E vamos falar sobre o que quisermos, inclusive da pedra. Mas não com raiva, apenas pena, ela não sabe o que faz. E vamos rir, e beber cerveja, porque meus anjos não são puritanos. E estaremos preparados para mais pedras como essas. E terei os anjos comigo, em momentos que eu gostaria de congelar, como quando eu como bacon ou ando em  um cavalo preto que não me obedece, no meio de um paraíso não tão distante. Esses momentos são meus atalhos, que encurtam a distância de um percurso árduo e me fazem esquecer dessas pedras.

E sim, eu devo ter alguma fixação com pedras e anjos.

domingo, 10 de maio de 2015

Ainda



E quando você fechar os olhos
Não vai me ver saltar
Achando que vou cair
Mas na verdade vou voar
E como um paraquedista ao contrário
Vou subir pelas nuvens e passar o sol
E já não verei mais meu paraquedas e nem saberei de que sou feito
Mas vou saber que sou eu
Ainda sou eu
Eu me misturo com a brisa do mar
Eu sou o ar do mar
Eu vejo as montanhas
Eu estou acima dos meteoros
Mas ainda consigo ver você
Não me pergunte como
E mesmo sem poder voltar
Tudo que eu fiz e tudo que marquei
Sempre vai ficar
E você pode não me enxergar
Mas agora eu sei até dançar
E você pode até não saber
Mas ainda vou te proteger
E eu continuo a voar
E farei você feliz
E eu vou cuidar de você
como eu sempre quis

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Racha

     Foi tomando um copo de cerveja com amigos que eu pude pensar sobre algo. Na verdade não foi só um copo de cerveja, foram vários, mas depois dos vários eu já não estava pensando muito bem. Enfim... Enquanto nós falávamos sobre nossas desgraças e conquistas, resmungos e comemorações, fui percebendo que nós estamos muito separados. Quando digo nós, não me refiro aos meus amigos e eu, e sim ao mundo todo, todas as pessoas. Estamos nos separando em nossos smartphones, nos separando nas nossas raças, nas nossas classes sociais, nos nossos empregos, em nossas religiões, em nossas visões políticas, em nossas concepções do que é bom senso e do que é senso comum. É óbvio que somos diferentes e, consequentemente, temos perspectivas distintas, mas a convivência tem se tornado mas difícil nos últimos tempos ou é impressão minha? Essas separações são fronteiras, com pessoas armadas prontas parar atirar em outros territórios. Falo isso metaforicamente, mas muitas vezes acontece literalmente, infelizmente.
   Nossas discordâncias não podem ser premissas de ódio mútuo. O que está acontecendo com a gente? Saudade do tempo em que as relações eram mais simples, que as pessoas eram mais tolerantes. Discutir? Claro que discutiremos sempre. E devemos discutir, e argumentar e mostrar nossas posições. Mas com decência, sem prepotência, com diálogos respeitáveis. Vejo pessoas que antes eram tão pacatas, agora "perdendo a linha" no facebook com outras pessoas, amizades se desfazendo. E por que? Apenas porque pessoas pensam diferentes? Quando essa conclusão passou a ser alguma novidade? Quando foi que uma opinião passou necessariamente a ser uma ofensa a quem opina diferente? Parece que estamos retrocedendo, de maneira cega, porque achamos que estamos mais "politizados", quando na verdade estamos apenas levantando a bandeira de um certo grupo que nos diz o que fazer. Você pode me dizer que não, que nós fazemos parte de tal grupo porque partilhamos de suas ideias, e não porque ele nos impõe essas ideias. E você não deixa de ter razão, normalmente esse é o ponto de partida, mas o que acontece muitas vezes é que nós deixamos de fazer parte do grupo, para nos tornarmos o próprio grupo. Você perde sua individualidade. Você se mescla a tal grupo, compra a ideia desse grupo, achando que é sua e nem percebe mais que não é. Torna-se uma pessoa fanática por um ideal, exclui qualquer pessoa de pensamente diferente, fica intolerante e chato. Muito chato. E eu não tô puxando sardinha pra nenhum lado não, isso se aplica à qualquer lado, divisão, fronteira, tudo.
   Então, vamos parar de frescura. Vamos ser felizes juntos pensando diferente.

domingo, 2 de novembro de 2014

A vida é um circo



   Sério que você não consegue o quanto a vida é fantástica? Não consegue ver a magia, a fantasia presente nela? A vida, meu caro, é um circo.
   Quantos mágicos já não passaram pela nossa vida? Com suas truques, iludem todos nós e nos divertem. Ou nos machucam. Saibamos diferenciar os bons mágicos dos ruins. Regra essa que vale para todos os outros personagens.
   As trapezistas, que parecem inalcançáveis, fazendo-nos olhar pra cima, vendo-as brilhar, e brilhando nossos olhos também. A boa notícia é que elas não são inalcançáveis, muitas vezes estão no nosso nível, ao nosso lado, basta olharmos direito.
  Os malabaristas, com sua habilidade de se safar dos problemas, de se adaptar a quase todas as circunstâncias. Mesmo com esse dinamismo e essa habilidade, às vezes deixam os bastões cairem. Aí é só saber recomeçar.
  Temos também as que cospem fogo. É sempre bom ter cuidado com essas, afinal, não devemos brincar com fogo. Mas como é bom estar com elas, como é prazeroso conviver com essa energia, que te faz mais vivo e até te vicia. Nesse caso, você só sairá queimado esse fogo apagar. E é uma queimadura que deixa cicatrizes.
  Os que domam leões, por incrível que pareça, não são raros. Corajosos, enfrentam os maiores desafios, arriscando o próprio pescoço. Muitos deles não tem escolha, a vida pode ser selvagem com muitos.
  E os palhaços? Ah, os palhaços... Tem como não gostar deles? Fazem-nos felizes, fazem-nos rir e esquecer de tudo. Companhias obrigatórias, e tão importantes em nossas crises. Saibamos cuidar deles também, porque muitas vezes eles riem, mas choram por dentro.
   Nesses circo, nós somos muitas vezes mágicos, trapezistas, malabaristas, cuspidores de fogo, domadores de leões e palhaços. Muitas atuações são dignas de aplausos, outras, nem tanto. Mas façamos nosso papel com dignidade, independente do público, que pode te ajudar mas também pode ser cruel algumas vezes. Então construa seu circo e faça um espetáculo digno de Cirque du Soleil. Afinal, o show não pode parar.