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segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Saindo

    Ah esse irritante vício de pensar. Eu tento parar, mas é como andar sem conseguir não olhar pra trás. E olhar pra trás sempre me atrapalha a andar pra frente. E me ensinam a respirar fundo que tudo vai ser diferente. Só faltou explicar isso pra minha mente.

    Sei que ir embora daqui não afasta meus fantasmas, que me acompanharão onde eu estiver. Mas mesmo assim sinto que não estarei aqui por muito tempo, e isso me reconforta. Quando a rotina dos seus devaneios fica cada vez mais penosa, a leve sensação de deixar tudo pra trás parece ser maravilhosa.

    Andar naquelas ruas de pedra sabão me fez bem. Preciso voltar lá. Ah dentista inconfidente... sua terra não tem igual. De etapa em etapa, de prova em prova, quem sabe não chego aí novamente? E quem sabe dessa vez permanentemente? 

    Quanto desperdício de liberdade ficar parado tanto tempo, ou pior: parar na metade do caminho. Ou ainda pior: pegar uma rua sem saída, tendo que voltar todo o caminho. Mas não adianta o GPS avisar que aquele caminho é o errado, eu vou ter que ir lá pra descobrir. Ah maldito empirismo... Mas seguimos em frente. Descobri que o que acelera a mente é a ausência de passos. Aceleração da fantasia compensando a  lentidão da realidade. Chegou a hora de inverter esse paradoxo. De sair dessa prisão de insanidade.